
Evgeny Yudin
Autor
Qualificação: International Health Access Consultant
Cargo: Founder of Pillintrip.com
Empresa: Pillintrip.com – International Health and Travel
Viajar ou se mudar para um novo país pode ser uma aventura empolgante, mas também traz seus próprios desafios—especialmente quando se trata da sua saúde. Um dos maiores riscos para viajantes e expatriados é comprar medicamentos falsificados sem saber. Os remédios falsos são um problema global, e alguns países são pontos críticos para esses produtos perigosos. Neste artigo, vamos te orientar sobre quais medicamentos são mais frequentemente falsificados, destacar os países onde é preciso ter atenção redobrada e compartilhar dicas práticas para você se manter seguro e saudável durante sua jornada.
Seja para trabalho, estudo ou simplesmente para explorar novas culturas, entender os riscos associados aos medicamentos falsificados é fundamental. Esses remédios podem não apenas falhar no tratamento da sua condição, mas também causar sérios danos. Estar informado é sua primeira linha de defesa. Infelizmente, medicamentos falsificados não são apenas um problema de países de baixa renda—casos já foram relatados na Europa, América do Norte e outras regiões desenvolvidas, especialmente por meio de farmácias online.
O que são medicamentos falsificados?
Medicamentos falsificados são remédios fraudulentos, intencionalmente rotulados de forma errada quanto à sua identidade ou origem. Eles podem conter ingredientes incorretos, doses erradas ou até substâncias perigosas. Diferente dos genéricos regulamentados, os falsificados são produzidos sem qualquer controle de qualidade e podem ser encontrados tanto em países desenvolvidos quanto em desenvolvimento.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), medicamentos falsificados podem incluir produtos com os ingredientes corretos, mas embalagens falsas; produtos com ingredientes errados ou até mesmo sem nenhum princípio ativo. Esses remédios geralmente são fabricados em locais não regulamentados, tornando sua segurança e eficácia altamente duvidosas. Algumas falsificações são tão sofisticadas que até farmacêuticos experientes têm dificuldade de distinguir do produto original.
O crescimento das farmácias online também contribuiu para a disseminação dos remédios falsos, já que muitos sites operam sem licença ou supervisão adequada. Estima-se que mais da metade dos medicamentos vendidos online sejam falsificados ou de qualidade inferior. Esse é um risco especial para viajantes e expatriados, que podem ser tentados a comprar online pela praticidade ou economia.
Por que medicamentos falsificados são perigosos?
- Podem não conter princípio ativo algum, levando ao fracasso do tratamento e piora do quadro de saúde.
- Alguns incluem substâncias tóxicas ou dosagens erradas, causando intoxicação, efeitos colaterais graves ou reações alérgicas.
- Podem contribuir para a resistência a antibióticos, tornando infecções mais difíceis de tratar no mundo todo.
- Em casos trágicos, medicamentos falsificados já causaram mortes, especialmente em crianças e idosos.
Por exemplo, antimaláricos falsificados foram associados ao aumento de mortes por malária em partes da África, enquanto antibióticos falsos podem gerar bactérias resistentes que ameaçam a saúde pública global. Em 2012, mais de 100 crianças no Paquistão morreram após tomar xarope para tosse com substâncias tóxicas. No México, diversos turistas foram hospitalizados após comprar analgésicos em farmácias não regulamentadas, que continham fentanil ou outras substâncias perigosas.
Segundo relatório do Pharmaceutical Security Institute de 2023, os casos de medicamentos falsificados aumentaram mais de 15% no mundo nos últimos cinco anos, destacando a ameaça crescente à saúde pública. O impacto econômico também é significativo, com bilhões de dólares perdidos anualmente com remédios falsos, sem contar o custo humano.
Além dos riscos à saúde, medicamentos falsificados também sobrecarregam sistemas de saúde e pacientes, levando ao desperdício de recursos e aumento dos custos de tratamento. Pacientes podem precisar de tratamentos adicionais para se recuperar dos efeitos dos remédios falsos e a confiança no sistema de saúde pode ser abalada.
Medicamentos mais frequentemente falsificados
Quase qualquer remédio pode ser falsificado, mas estas categorias estão mais em risco devido à alta demanda e lucratividade:
- Antimaláricos: Essenciais em regiões tropicais, as versões falsas podem ser fatais. Em partes da África e Sudeste Asiático, até 30% dos antimaláricos podem ser falsificados.
- Antibióticos: Muito usados e frequentemente falsificados, com risco de falha no tratamento e resistência. Antibióticos falsos já foram encontrados em farmácias e mercados da América Latina, África e Ásia.
- Analgésicos e opioides: Alta demanda e potencial de abuso tornam esses medicamentos alvo dos falsificadores. Em destinos turísticos como o México, analgésicos falsificados com fentanil causaram diversas overdoses.
- Remédios para colesterol (estatinas): Muito prescritos para saúde do coração, versões falsas podem causar sérios problemas de saúde. Estatinas falsificadas já foram detectadas em países desenvolvidos e em desenvolvimento.
- Medicamentos para pressão arterial: Fundamentais para tratar hipertensão, falsificados podem causar picos ou quedas perigosas de pressão. Na Rússia e no Leste Europeu, falsificações são um problema recorrente.
- Tratamentos contra o câncer: Remédios que salvam vidas, mas se forem falsos, podem causar falha no tratamento e avanço da doença. Há relatos de falsificações no Egito, China e outros países.
- Medicamentos para HIV e tuberculose: Vitais para controlar essas doenças, versões falsas podem causar resistência e falha terapêutica. A OMS já alertou sobre falsificações desses remédios na África e Ásia.
- Vacinas: Vacinas falsas podem deixar pessoas desprotegidas contra doenças graves. Durante a pandemia de COVID-19, vacinas falsificadas foram descobertas em vários países.
- Medicamentos para disfunção erétil (ex: Viagra): Alvos populares e lucrativos para falsificadores. São frequentemente vendidos online e em áreas turísticas.
- Medicamentos hormonais (ex: esteroides, hormônio do crescimento): Muitas vezes usados de forma indevida e falsificados para fins de performance ou uso médico. Esteroides falsos são comuns em academias e lojas online.
É importante notar que até medicamentos de venda livre, como remédios para resfriado, xaropes para tosse e vitaminas, podem ser falsificados. Mantenha-se sempre atento, independentemente do tipo de remédio de que precisa.
Veja abaixo os 10 medicamentos mais frequentemente falsificados, com seus nomes comerciais internacionais e breves explicações:
Top 10 medicamentos mais falsificados (com nomes comerciais)
Falsificadores miram tanto medicamentos que salvam vidas quanto de uso comum, focando em marcas conhecidas. Veja a lista dos 10 mais frequentemente falsificados, incluindo nomes comerciais internacionais. Redobre a atenção ao comprar esses remédios no exterior ou online.
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Viagra® (Sildenafila)
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O medicamento para disfunção erétil mais falsificado do mundo. Viagra falso é vendido online e em áreas turísticas, às vezes com substâncias perigosas no lugar do princípio ativo.
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Cialis® (Tadalafila)
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Outro remédio popular para disfunção erétil, frequentemente alvo de falsificadores pela alta demanda e preço. Cialis falso pode conter dosagens erradas ou aditivos nocivos.
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OxyContin® (Oxicodona) e Percocet® (Oxicodona/Paracetamol)
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Opioides prescritos são amplamente falsificados; versões falsas frequentemente contêm fentanil, que pode ser letal mesmo em pequenas quantidades.
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Adderall® (Anfetamina/Dextroanfetamina)
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Estimulante usado para TDAH, Adderall falso é vendido online e pode conter metanfetamina ou outras substâncias perigosas no lugar do medicamento real.
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Xanax® (Alprazolam)
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Ansiolítico amplamente usado; comprimidos falsos de Xanax podem conter ingredientes perigosos ou dosagens erradas, causando riscos graves à saúde.
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Augmentin® (Amoxicilina/Clavulanato) e outros antibióticos
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Antibióticos como Augmentin são frequentemente falsificados, especialmente em países em desenvolvimento. Versões falsas podem ser ineficazes ou tóxicas, agravando infecções e contribuindo para resistência bacteriana.
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Avastin® (Bevacizumabe) e outros medicamentos oncológicos
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Medicamentos contra o câncer como Avastin, Abraxane® e Keytruda® já foram encontrados sem princípio ativo ou com substitutos nocivos, colocando a vida dos pacientes em risco.
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Ozempic® (Semaglutida)
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Devido à popularidade para diabetes e emagrecimento, Ozempic virou alvo de falsificadores. Versões falsas já foram encontradas online e em algumas farmácias, às vezes com medicamentos errados como insulina.
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Symtuza®, Biktarvy®, Descovy® (Medicamentos para HIV)
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Tratamentos para HIV são essenciais para a saúde dos pacientes, mas já foram detectadas versões falsas contendo outros medicamentos ou nenhum princípio ativo, comprometendo o controle eficaz do HIV.
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Botox® (OnabotulinumtoxinaA)
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Tratamentos estéticos como Botox também são falsificados, especialmente em ambientes não médicos. Botox falso pode causar efeitos colaterais graves, como paralisia ou reações alérgicas.
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Importante:
Esta lista não é exaustiva; outros medicamentos essenciais—como para pressão alta, antimaláricos e esteroides—também são frequentemente falsificados no mundo todo. Sempre compre medicamentos em farmácias licenciadas e consulte profissionais de saúde se tiver dúvidas sobre a autenticidade.
Países e regiões com maior risco de medicamentos falsificados
- Índia — grande produtora e exportadora tanto de medicamentos autênticos quanto falsificados. O tamanho da indústria farmacêutica e dificuldades regulatórias tornam o país um centro de remédios falsos. Em algumas regiões, até 20% dos medicamentos podem ser falsificados ou de baixa qualidade.
- China — fonte importante de remédios falsos, especialmente para vendas online. Falsificadores aproveitam a grande base de fabricação e a fiscalização fraca em algumas áreas. A China já reprimiu fábricas ilegais, mas o problema persiste, especialmente com remédios vendidos online ou exportados.
- México — cidades de fronteira e áreas turísticas são conhecidas por farmácias não regulamentadas que vendem medicamentos falsos ou de baixa qualidade. Turistas em busca de remédios mais baratos estão em risco, e há relatos de analgésicos e antibióticos perigosos vendidos nessas áreas.
- África (especialmente Nigéria, Gana, Quênia) — altas taxas de antimaláricos e antibióticos falsificados, com sérias consequências para a saúde pública. Na Nigéria, até 30% dos medicamentos em circulação podem ser falsos, e as autoridades combatem continuamente as importações ilegais.
- Sudeste Asiático (Tailândia, Camboja, Vietnã, Mianmar) — venda de medicamentos falsificados em ruas é comum, atingindo turistas e locais. No Camboja, por exemplo, quase uma em cada quatro farmácias já foi flagrada vendendo remédios falsos.
- Rússia, Ucrânia e alguns países da CEI — casos documentados de medicamentos falsificados em mercados legais e ilegais, afetando tratamentos de doenças crônicas. O problema é agravado pela fiscalização fraca e corrupção em algumas áreas.
- Médio Oriente (Egito, Líbano, Irã) — relatos de medicamentos falsos para câncer e doenças crônicas, oferecendo risco para pacientes vulneráveis. No Egito, autoridades já apreenderam grandes quantidades de remédios falsificados, incluindo para câncer e hepatite C.
Nessas regiões, até mesmo farmácias licenciadas podem, às vezes, vender produtos falsificados, então a vigilância é fundamental. Viajantes devem pesquisar sobre as regras locais e buscar orientação de profissionais de saúde confiáveis. Se possível, leve do Brasil toda a medicação necessária para sua estadia.
Outros países com problemas notáveis de falsificação de medicamentos incluem Brasil, Indonésia e Filipinas. Na Europa, embora o problema seja menos comum, ainda há casos, principalmente em vendas online.
Como identificar medicamentos falsificados no exterior
- Verifique a embalagem em busca de erros de ortografia, impressão ruim ou informações faltantes. Medicamentos autênticos costumam ter embalagem de alta qualidade, com rótulos claros, número de lote e validade.
- Compare a aparência dos comprimidos e da embalagem com o que você está acostumado no Brasil. Diferenças de cor, tamanho ou formato podem ser sinal de alerta. Algumas falsificações são quase idênticas ao produto real, então mantenha-se atento.
- Desconfie de medicamentos vendidos a preços muito baixos. Preços “bons demais para ser verdade” geralmente indicam falsificação. Se uma oferta parecer suspeita, confie no seu instinto e recuse.
- Observe se a embalagem está danificada, vencida ou sem lacre. Medicamentos originais são lacrados e têm validade impressa. Nunca aceite remédios soltos ou sem identificação.
- Peça nota fiscal e verifique a licença da farmácia. Farmácias licenciadas fornecem documentação adequada e têm equipe treinada. Se não puderem fornecer nota ou parecerem pouco profissionais, procure outra farmácia.
Se suspeitar que um medicamento é falso, não use e denuncie às autoridades de saúde locais ou à embaixada. Você também pode contatar o fabricante para verificação. Muitas farmacêuticas oferecem ferramentas online ou telefones para checar autenticidade.
Alguns países possuem aplicativos ou serviços de SMS para verificar autenticidade do remédio pelo código na embalagem. Pergunte ao farmacêutico se há esse serviço no seu destino.
Boas práticas para comprar medicamentos no exterior
- Use apenas farmácias licenciadas e de confiança ou farmácias hospitalares. Pesquise e peça recomendações a locais ou outros brasileiros. Grandes redes ou farmácias hospitalares são geralmente mais seguras que pequenas lojas independentes.
- Evite comprar remédios de vendedores ambulantes, mercados abertos ou lojas online não verificadas. Essas fontes têm alto risco de produtos falsificados. Nunca compre de quem te aborda na rua ou em pontos turísticos.
- Se precisar comprar localmente, consulte antes um médico ou farmacêutico do local. Eles podem indicar fontes seguras e verificar os remédios. Considere pedir à embaixada ou consulado uma lista de farmácias recomendadas.
- Mantenha os medicamentos na embalagem original para facilitar a verificação na alfândega ou com profissionais de saúde. Isso também ajuda em emergências ou se precisar mostrar a receita.
Considere também um seguro saúde viagem que cubra necessidades de medicamentos e consulte seu médico antes de viajar. Alguns planos ajudam a acessar farmácias confiáveis ou repor remédios em caso de emergência.
Crie o hábito de checar regularmente seu estoque de medicamentos e as datas de validade durante a estadia no exterior. Se notar algo estranho no remédio, procure orientação médica imediatamente.
Conclusão
Medicamentos falsificados são uma ameaça real para viajantes e expatriados, especialmente em certos países e categorias de remédios. Mantendo-se informado, comprando apenas em farmácias de confiança e seguindo as dicas acima, você protege sua saúde e aproveita a viagem com tranquilidade. Compartilhe este artigo com outros viajantes para ajudar a manter todos em segurança!
Lembre-se: sua saúde é seu bem mais valioso. Tomar precauções ao comprar medicamentos no exterior pode evitar riscos graves e garantir que sua viagem seja uma experiência positiva. Se tiver dúvidas sobre qualquer remédio, não hesite em buscar ajuda.
Para mais informações, acesse o site da Organização Mundial da Saúde ou consulte as autoridades de saúde locais antes de viajar. Fique atento, faça perguntas e nunca abra mão da sua saúde. Boa viagem!